Lucas Evangelista

A LEITURA EM VOZ ALTA

Não há dúvidas que quando falamos em Educação Cristã Clássica a linguagem é o pináculo para todo conhecimento. Isso porque as Escrituras assim nos apontam. Deus criou o mundo falando, a queda foi resultado da mentira, a lei é expressa por “dez palavras”, a redenção vem pelo ouvir a Palavra de Deus, por meio do Espírito Santo os apóstolos puderem proclamar o evangelho nas mais diversas línguas. Douglas Wilson comenta:
O que torna a linguagem tão fundamental? Talvez tenhamos algum indício na própria encarnação. Nela, o invisível tornou-se visível. A segunda pessoa da Deidade (a palavra) assumiu carde e osso. Algo assim ocorre todas as vezes que falamos ou escrevemos. O mundo invisível da nossa personalidade assume características físicas, mediante letra mal traçadas com tinta ou sons da voz. (WILSON, 2017)
Para educar nossos filhos para a verdadeira liberdade, precisamos ensina-los o poder das palavras. É nesse contexto que precisamos falar sobre literacia familiar.
Mas o que é literacia familiar? São atividades intencionais em família para o desenvolvimento da linguagem de seus filhos, para ajuda-los a falar com desenvoltura e clareza, ler e escrever com precisão e compreensão.
Dentro de tantas possibilidades focaremos na que acredito ser a principal ferramenta da literacia familiar, a leitura em voz alta.
Por que ler é voz alta é bom?
• Ajuda a desenvolver a prática da narração e, consequentemente, a oralidade
• Desenvolve a ordenação temporal
• Amplia o vocabulário e o imaginário
• Instrui quanto a interpretação de textos
Quando deve fazer a leitura em voz alta?
Desde o berço. Quanto mais cedo iniciamos a leitura em voz alta, mais prazerosa e poderosa será essa ferramenta.
Com que frequência devo fazer leitura em voz alta com meus filhos?
Pelo menos uma vez por dia.

  1. 3 “NÃO” DA LEITURA EM VOZ ALTA!
    Não tenha receio de ler para crianças livros com capítulo grandes.
    Não tenha medo de arriscar histórias mais complexas e maiores. São através dessas narrativas que eles vão adquirir um vocabulário maior e desenvolverão estruturas de frases mais ricas.
    Não perca tempo lendo “fast-food”.
    Dê prioridade a bons livros, livros que utilizam um vocabulário variado e histórias ricas em detalhes e significados. Quando abrimos um livro em família estamos convidando alguém para nos instruir. Dê prioridade a grandes autores, a homens e mulheres que expressam a beleza, a bondade e a verdade em suas obras. Não traga qualquer pessoa para sentar-se com você e sua família.
    Isso significa que livros de quadrinhos, versões de cinema, e adaptações fracas devem ser postas de lado e reservadas para momentos de entretenimento.
    Não tenha uma falsa expectativa.
    Não espere que seus filhos sentem ao seu lado do e fiquem sempre atentos. Não espere que uma criança de 4 ou 5 anos vá ouvir quarenta minutos de leitura sem sair do lugar. Planeje atividades manuais para o momento da leitura: pinturas, massinha de modelar, recorte e colagem, etc.
  2. 3 “SIM” DA LEITURA EM VOZ ALTA!
    Faça as perguntas certas, de acordo com a idade:
    3-10 anos – Quem, o quê, quando, onde
    11-14 anos – O porquê, abstrações e relações com a vida deles
    15 em diante – Como, o que você faria e como isso reflete uma verdade de Deus
    Leia o livro antes do seu filho!
    É melhor não ler nada ao invés de ler porcaria. Dê atenção especial ao que seus filhos estão lendo. É possível que no desenvolvimento dele, ele adquira uma leitura rápida e passará de você em quantidade de livros. Mas evite dar um livro para que ele leia sem que você tenha certeza do conteúdo do mesmo.
    Escolha livros que sejam interessantes para seus filhos.
    Não force em um autor ou tema de livros que não sejam do interesse dele. Caso isso aconteça, não tenha medo de dar uma pausa em uma leitura e voltar para ela depois. O momento em voz alta deve ser um tempo agradável para família. Você precisa ter sensibilidade.

O QUE É EDUCAÇÃO DOMICILIAR?

Talvez você já tenha se deparado com o termo norte americano Homeschooling, ou com sua tradução “Educação Domiciliar” (ED) e se pergunte o que isso significa. Ou talvez você até conheça alguma família cujos filhos não vão para a escola, mas estudam em casa e sinta curiosidade de saber como funciona. Bom, deixe-me começar pelo que a Educação Domiciliar não é.

ED não é privar seus filhos de uma boa educação e deixá-los ignorantes;

ED não é trancar seus filhos em casa e não permitir que tenham contato com outras pessoas ou visões de mundo;

ED não é fazer seu filho estudar 24 horas por dia e deixar de brincar.

Por fim, ED não é expor seus filhos ao risco de algo que não sabemos qual será o resultado.

Agora que já sabemos o que não é ED, vamos descobrir o que é.

ED é uma alternativa para educação escolar. Embora possa parecer óbvio que parte da educação sempre aconteceu em casa, no seio da família, o termo Educação Domiciliar na verdade se refere àquele tipo de educação que a maioria das crianças hoje recebe da escola – matemática, português, geografia, história… – , ou seja, o ensino. Assim, quando dizemos Educação Domiciliar estamos nos referindo a uma modalidade de ensino, uma alternativa para a educação escolar, assim como EAD (Educação à Distância), por exemplo. É uma maneira diferente de cumprir a lei que fala que as crianças têm direito à Educação. Mas, assim como existem escolas boas e escolas fracas, existem boas EDs e EDs medíocres.

ED é algo já testado e validado. A prática já é regulamentada em mais de sessenta países, sendo os EUA os mais conhecidos. Trata-se de uma educação mais abrangente do que apenas ensinar conteúdos, pois os pais se não só se responsabilizam pelo ensino-aprendizagem, mas criam um estilo de vida familiar voltado para isso, mobilizando com essa finalidade diversas estratégias, que podem seguir ou não um currículo formal. Nos lugares em que já é praticado há décadas, como nos EUA (desde 1993), há muitos estudos que mostram a eficácia da modalidade tanto nos resultados acadêmicos quanto na socialização (leia mais sobre isso no artigo “E a socialização?”). Assim, se bem praticada, a ED pode até mesmo superar os resultados de uma escola.

ED pode ser simples, economizar tempo e dinheiro. Na sala de aula, quando a professora diz “abram todos na página 30”, ela tem que esperar 25 os alunos encontrarem a página, pararem de conversar ou se distrair com o lápis que caiu no chão para então começar a explicar o conteúdo da página 30. Todo esse tempo que é desperdiçado em sala, em casa é aproveitado e o que leva 4 horas para ser feito na escola, em casa pode levar apenas uma. Assim, sobra muito mais tempo para brincar, ajudar nas tarefas domésticas e fazer muitas outras coisas. Além disso, o dinheiro que uma escola cobraria para manter sua estrutura física, pagar funcionários e encargos, simplesmente pode ser gasto em mais livros, em uma viagem a um lugar histórico, museu ou mesmo economizado para outros fins.

ED é usar o mundo como sala de aula. Não estar na escola não significa não ter acesso ao conhecimento. Pelo contrário, pode significar ter acesso a conteúdos ilimitados. No processo da ED a criança desenvolve o autodidatismo, ou seja, aprende a aprender, se tornando cada vez mais apta para conhecer e explorar o mundo (leia mais sobre isso no artigo “autodidatismo”). Assim, o ambiente de aprendizagem não é artificialmente criado, mas se dá na relação com o mundo concreto, seja na matemática dos livros e cadernos, ou nas prateleiras do supermercado.

ED é uma educação sob medida. Dentro do movimento que luta pela prática como direito ao redor do mundo, existe uma heterogeneidade de posicionamentos ideológicos, políticos e educacionais. Encontramos tanto aqueles que defendem o modelo de Homeschool(Educação Domiciliar) como sendo School at Home(Escola em Casa), ou seja, que defendem uma adaptação do modelo escolar de ensino ao contexto domiciliar (com material didático, currículo pré-determinado, atividades avaliativas, etc.), quanto aqueles que defendem uma posição de desinstitucionalização total do ensino, que se identificam como defensores do Unschooling, proposta que se assemelha ao modelo anarquista proposto por Ivan Illich (sem material didático ou currículo definidos, seguindo apenas o interesse da criança). Por fim, encontramos também muitos meios-termos, ou seja, muitas famílias que trafegam dentro desse espectro, criando seus próprios modelos e métodos (leia mais sobre isso no artigo “Existe fórmula para ED?”). Em todos eles, no entanto, duas coisas caracterizam a ED: respeitar a individualidade da criança – o que significa uma educação menos massificada e mais personalizada, levando em conta o ritmo, dificuldades e potencial de cada um – e transmitir a visão de mundo da família – o que significa respeitar a cultura e religião na qual está inserida, permitindo a ela ser educada em consonância com o que sua família acredita.

Espero que tenha compreendido melhor o que significa Educação Domiciliar. Da próxima vez que alguém perguntar, quem sabe você pode explicar? Até a próxima!

POR QUE EDUCAÇÃO CRISTÃ CLÁSSICA?

Antes de ser uma proposta educacional, a Educação Cristã Clássica propõe uma visão de mundo. Para Dooyeweerd, filósofo cristão holandês, o homem é um ser religioso por natureza. Por isso seu coração, o centro de processamento religioso, busca inquieto por um absoluto, ao qual possa render culto e servir. Segundo ele o ser humano está distante de Deus por seu desejo de independência em relação a seus padrões (Rm 3.11-12) e a busca pela autonomia do pensamento humano (Gn 3.1-21). Sendo assim, ao negar servir a Deus, o homem passa a basear sua vida em um elemento criado, preso ao tempo e ao espaço e, portanto, cai em um reducionismo filosófico (Rm 1.21-23).

Na educação esse reducionismo expressa-se sobre dois eixos: as pedagogias da autonomia e as pedagogias heterônomas. Esse dualismo que busca por uma educação eficiente sem sucesso pode ser percebido historicamente.

Os reformadores claramente se opunham à heteronômica católico-romana advogando a liberdade de consciência, o livre exame das Escrituras, e estimulando a pesquisa científica. A Academia de Genebra fundada por Calvino é um exemplo eloquente do interesse reformado pela educação. Calvino, especificamente, não admitia que a religião pudesse se limitar às práticas eclesiais. Para ele todas as atividades humanas deveriam ser para a glória de Deus, mesmo que não fossem “sacras”. Uma posição nem autonômica, nem heteronômica, mas teonômica. (CARVALHO, 2008)

Apenas através de uma proposta que contemple a eternidade e se dobre à verdade que o homem é realmente capaz de alcançar toda a sua potencialidade.

Foi sobre esse alicerce que um empreendimento educacional, conhecido como paideia, foi iniciado por Platão. Visão educacional que permaneceu normativa por 2.200 anos, ao florescer sob os romanos e depois na cristandade até meados do século XIX (TURLEY, 2018, p.16). Paideia via o aluno como alguém dotado de um propósito que se estabelecia adequadamente e harmonicamente com toda a realidade à medida que era reconhecido, compreendido e exercitado. O aluno que se encontrava com esse propósito desenvolvia sua potência e alcançava a Eudaimonia, a alegria verdadeira. Na Paideialogos, ou quinta essência, era o princípio unificador de todas as coisas, não apenas a razão, mas o que trazia a existência, o significado e propósito. O Logos estabelece ordem. Heráclito diz que “É sábio que os que ouviram, não a mim, mas ao LOGOS, reconheçam que todas as coisas são um”.

Ao buscar na Bíblia bases para sua proposta educacional, o cristianismo aponta para esses conceitos mudando o eixo de articulação e trazendo pessoalidade ao Logos, identificando-o como sendo o próprio Jesus Cristo, como afirma o próprio João em seu evangelho (Jo 1:1).

Portanto, a Educação Cristã Clássica visa conduzir o aluno na compreensão de sua vocação dentro do plano eterno de Deus, para que ele desfrute de plenitude. E isso só é possível quando sua vida e paixões são ordenadas pelo Logos divino.

Como motivar seu filho a ler

Se você chegou até esse artigo é porque sabe da importância da leitura para o desenvolvimento do seu filho. Às vezes, por optar pelo caminho mais complexo a leitura se torna um fardo (ler artigo sobre métodos de alfabetização). Outras vezes a personalidade do seu filho ou aluno faz com que as atividades que exijam mais concentração como a leitura, sejam menos estimulantes.

            Mas existe algo que possamos fazer para motivar nossos filhos ao amor pela leitura? Eu creio que sim, e aqui vão 9 dicas para motivar seu filho a ler

1. Motive-se ler

A melhor e mais eficaz maneira de motivar os jovens leitores, é você mesmo desenvolver o hábito de leitura. Os alunos seguem seus mestres quando percebem que estes amam aquilo que propõe. Então, sua vivência com a leitura será seu ponto mais forte ou mais fraco nesse processo.

2. Separe tempo para ler

Quando o jovem leitor tem uma agenda sempre lotada de atividades e “responsabilidades” e a leitura é empurrada dentro dessa agenda. Ela se torna um fator indesejável. Então planeje um tempo específico e estratégico para a leitura a fim de fazer com que esse momento seja relaxante, sem pressões e um tempo especial de vivência.

Leia também – Dicas para a leitura em voz alta

3. Faça Leitura em Voz Alta

O tempo de Leitura em Voz Alta na sala de aula ou no lar é de extrema importância. Independente da idade escolha literaturas variadas e de alta qualidade para ler para seus filhos e alunos. Essa prática deve fazer parte da rotina diária independente da idade, ninguém é velho demais para uma boa leitura em voz alta.

Leia também – 5 motivos para ler em voz alta com seus filhos

4. Crie um espaço de leitura aconchegante.

Imagine se houvesse um ambiente bonito, confortável, com boa iluminação e sem distrações onde você pudesse fugir da rotina e ler um bom livro! Talvez esse fosse o lugar onde você quisesse estar sempre que pudesse. O mesmo para seus filhos e alunos. O espaço de leitura deve ser um refúgio.

Leia também – Como organizar o espaço de leitura

5. Garanta o acesso aos livros

Visite com frequência bibliotecas e livrarias em sua cidade, organize uma biblioteca em casa ou na escola e mantenha os livros de fácil acesso. Certifique-se que quando o jovem leitor sentir o desejo de ler, ele não encontrará obstáculos. Nossa lista de livros é um ótimo lugar para começar sua biblioteca!

6. Certifique-se que os livros são adequados

Talvez o jovem leitor esteja desejoso pelos livros, mas as dificuldades que encontra acabam com sua motivação. É ideal que as Leituras em Voz Alta estejam acima da capacidade dele, para fornecer vocabulário vasto e capacita-lo na compreensão de narrativas mais complexas. Mas isso não se aplica aos livros disponíveis para leitura pessoa. Estes precisam acompanhar o desenvolvimento e capacidade do aluno.

Leia também – Livros por Idade: sugestão

7. Apresente uma variedade de opções de leitura

Costumamos focar nos livros de ficção e fantasia, mas esses não são os únicos recursos. Apresente outros gêneros de livros: piadas, livros de receitas, livros de curiosidade, histórias em quadrinhos e biografias são excelentes sugestões. Revistas infantis também podem ser uma ótima opção para incentivar a criança a ler.

8. Deixe que o livro faça sua Mágica!

Selecione um livro engraçado ou de interesse do jovem leitor que corresponda a seu nível de leitura. Leia o primeiro capítulo em voz alta, pare de ler e desafio a ler para descobrir!

9. Torne-o responsável!

Peça para que ele leia para alguém mais jovem. Se ele tem irmãos, amigos ou familiares mais jovens que ele, está é uma excelente maneira de praticar a leitura. Além disso isso cultiva o amor e o cuidado que você tem demonstrado na rotina da Leitura em Voz alta, assim ele estará se identificando com o mestre e partilhando do que aprendeu.

COMO ORGANIZAR UM ESPAÇO DE LEITURA

Para colocar em prática o método fônico, todo professor ou pai educador deve preparar primeiro o terreno, desenvolvendo algumas habilidades que chamamos de “habilidades de pré-alfabetização”, ou seja, que preparam a criança para ser alfabetizada. Iniciando nesse artigo, explicaremos todas elas e também daremos dicas de como desenvolvê-las de maneira eficaz. Assim, esperamos que o tutor possa identificar se sua criança já desenvolveu ou não, e saber traçar caminhos para que possa desenvolver. Sem alguma dessas habilidades a criança não conseguirá desenvolver uma leitura-escrita excelente.

Sendo nossa alfabetização fônica, precisamos antes de qualquer coisa desenvolver na criança uma fala de qualidade. Isso porque, uma vez que ela vai utilizar sons como base, ela precisa emiti-los corretamente. Assim, vamos agora conhecer 4 passos para desenvolver bem a fala na criança, desde os anos iniciais:

1. CLAREZA NA PRONÚNCIA

As palavras pronunciadas são claras? A fala é infantilizada? A criança se enrola na pronúncia de alguns sons? Quais? A criança consegue verbalizar sons mais complexos, como encontros consonantais (BR, PR, TR, etc.)?

Para desenvolver clareza na pronúncia de palavras é preciso, em primeiro lugar, que a criança tenha contato com falantes de boa pronúncia – sem fala infantilizada ou babytalking. Em segundo lugar, é preciso que os adultos que convivem com a criança não deixem a criança ficar acomodada com a pronúncia incorreta, mas que corrijam a criança em sua fala (ex: “eu quero a saia banca”, “você quer a saia brrranca?”). Fora isso, alguns sons como o do “L” e do “R fraco”, precisam de tônus muscular da língua para serem pronunciados. Assim, para algumas crianças que ainda não o desenvolveram, é necessário fazer exercícios de fortalecimento do tônus da língua.

Veja alguns exemplos em:

https://www.youtube.com/watch?v=g_Is2wh1xIw

2. REPERTÓRIO VARIADO

A criança utiliza muitas palavras repetidas, como “coisa”, “coisar”, “negoçar”, ou possui repertório específico e variado? Ela domina palavras complexas ou somente palavras comuns ao vocabulário do dia-a-dia?

Como citado no exemplo anterior, é preciso que a criança tenha contato com repertório variado. Evite usar palavras como “coiso”, “coisar”, etc. Seja específico no que pede e sobre o que está falando (Ex: “filho, pega o coiso para a mãe?” deve ser substituído por “filho, pegue o copo para a mãe?”). Além disso, para melhorar o repertório, nada como uma boa leitura em voz alta. Busque livros infantis, mas também leia clássicos, eles podem parecer complexos, mas vão ajudar nesse desenvolvimento de repertório (Ex: livro azul, verde e vermelho). Durante a leitura, faça pausas e explique o vocabulário que a criança não souber.

 Leia também – Dicas para a leitura em voz alta

3. ORGANIZAÇÃO NAS FRASES

A criança estrutura bem uma frase, colocando sujeito/verbo/complemento, ou ainda confunde os elementos? A fala da criança é organizada, como um falante fluente, ou se assemelha à fala de não-nativos?

Falar coisas como “comida quer”, ou “galinha cócó” são esperados de crianças que estão no primeiro ano de desenvolvimento da fala. Elas ainda não entenderam a estrutura da língua e por isso falam palavras soltas, que podem ser compreendidas apenas dentro do contexto e de gestos que complementam sua fala. Depois do primeiro ano, é importante que a criança possa estruturar melhor a sua fala, dizendo, por exemplo, “eu quero comida”, ou “a galinha faz cócó”. Nesses dois casos, a criança já entendeu a necessidade de um sujeito (eu/galinha), verbo (quero/faz) e complemento (comida/cócó). Para ajudar a criança a desenvolver essa estrutura, é preciso repetir suas frases, organizando as ideias na estrutura correta (ex: “quer comida”, você deve dizer “eu quero comida” e pedir à criança que repita).

4. CONJUGAÇÕES SIMPLES

A criança conjuga corretamente as palavras? Fala verbos no tempo errado? Em número errado? Em gênero errado?

Conjugar corretamente gênero, número e grau é muito importante na estruturação correta da fala. Podemos dizer que é uma das bases para um bom desenvolvimento linguístico. Assim, da mesma forma como fazemos para desenvolver a organização das frases, é preciso repetir suas frases, conjugando os elementos da forma correta e estimulando-a a repetir, para desenvolver na criança essa consciência linguística.

5 DICAS PARA DESENVOLVER ORTOGRAFIA COM CRIANÇAS PEQUENAS

1. Lições progressivas e sequenciais

Estabeleça um plano que comece das habilidades mais básicas de ortografia e avance gradualmente se baseado no domínioda criança. Uma sugestão é seguir a sequência fonética para seleção das palavras que serão usadas para o treinamento.

Palavras que só utilizem vogais; Palavras que utilizem vogais e consoantes bilabiais; Palavras que utilizem vogais, consoantes bilabiais e lábio dentais…

Com um banco dessas palavras já organizado você pode progredir imediatamente, mediante o bom desempenho da criança e reforçar especificamente as áreas de maior debilidade.

2. Incorpore ferramentas multissensorial

Quando mais sentidos estiverem ativos no momento do estudo melhor para a captação do conteúdo. Uma sugestão é transformar o banco de dado de palavras em flashcard, onde de um lado tem a imagem e do outro a Palavra. Some isso ao ímpeto colecionador de algumas crianças, e ofereça uma caixa para que ela guarde os vocabulários que já fazem parte do seu domínio ortográfico. Utilize os flashcards para atividades e jogos.

3. Revisão contínua que ajuda a manter a ortografia

Apenas dois minutos por dia para revisar as regras e palavras aprendidas anteriormente, a longo prazo trás grande benefícios. Associar isso ao quadro de memorização é essencial.

4. Ditado escrito e oral (soletração)

Quando apreendemos uma palavra na leitura fazemos uma síntese fonética, mas escrever corretamente parte de um processo de análise e, portanto, exige organização mental, que assim como a leitura não é natural. O ditado escrito e oral ajuda a criança a organizar a ortografia de um vocabulário, permitindo que ele use seus novos conhecimentos em uma situação prática.

5. Ensinar regras de ortografia

As regras de ortografia mostram os padrões e a lógica do idioma. Quando as regras que governam a maioria das palavras são conhecidas, as exceções se tornam claras e fáceis de aprender. Entretanto, faça isso seguindo o primeiro princípio: de forma progressivas e sequenciais

Exemplos:S entre duas vogais tem som de Z; usa-se m antes de P e B; Z no fim da palavra tem som de S;

BONUS: Ensine leitura e ortografia separadamente

Ser um bom leitor é essencial para dominar a ortografia, mas o oposto também é verdade. Portanto dê uma atenção individual a ortografia. As vezes a criança pode progredir mais rápido na leitura (o que é mais fácil para a maioria das crianças), mas ter um pouco de dificuldade na escrita. É importante saber que embora sejam competências que caminhem juntas, elas utilizam processos diferentes (síntese e análise).

O QUE É EDUCAÇÃO CRISTÃ

Quando falamos de Educação Cristã, entramos em um campo muito abrangente. Embora muitos se propõem a apresentar uma perspectiva cristocêntrica é importante entendermos que existem várias abordagens e fundamentos filosóficos/ teológicos. Afinal, tão abrangente quantos as denominações são as proposta de Educação Cristã. Respeitando a nossa trajetória de estudos eu me atenho a pontuar perspectivas que acredito ser mais relevantes e que em suas definições englobam o maior número de propostas. Como educador cristão preciso reconhecer e pontuar que recorrerei em certo aspecto ao reducionismo, uma vez que será necessário recorrer a generalizações. Sem mais delongas, essas são as 3 perspectivas principais da Educação Cristã:

Primeira

PERSPECTIVA INTEGRACIONISTA

A perspectiva integracionista parte do princípio de que toda verdade é verdade de Deus e que, portanto, o cristão precisa se apropriar das verdades e expressa-las sob uma perspectiva cristã, negando aquilo que é abertamente anticristão.

Embora a premissa inicial corresponda à realidade encontramos despois disso acredito que nada mais possa ser considerado. Primeiramente Deus não espera que nos apropriemos da nada que pertença a esse mundo, sem que subjuguemos tudo a luz da Palavra. Apropriar de uma proposta e apontar para Deus não a torna cristã, pelo contrário isso prende o cristianismo a um reducionismo barato o utilizando como remendo, ao invés de fundamento. CUIDADO COM QUALQUER PROPOSTA QUE NÃO UTILIZA A BÍBLICA COMO FUNDAMENTO, MAS APONTO PARA CRISTO/ DEUS COMO JUSTIFICATIVA.

Um exemplo na área da educação são os cognitivos e Sócios interacionistas. Muitos irmãos sinceros se apropriam dessas perspectivas “sob uma perspectiva cristã”. Na prática pouca diferença existirá entre uma e a outra, por partirem do mesmo fundamento filosófico. Para mim, o cognitivismo é uma capa de ciência, um upgrade de Piaget com fases de desenvolvimento da criança (uma visão evolucionista naturalista do desenvolvimento humano) ao projeto social de emancipação da cultura majoritária vigente em Vygotsky.

Infelizmente a psicologização, a busca pela autonomia, a homogeneização da educação de homens e mulheres, o caráter utilitarista da educação o coach e outras modinhas modernas tem ludibriado e envenenado muitos de nossos educadores. Embora a água encontrada na privada seja água, ela não vale a pena ser bebida.

Segunda

ABORDAGEM EDUCACIONAL POR PRINCÍPIOS

A AEP não comete os mesmos erros epistemológicos dos integracionistas, e partem de uma antropologia fundamentalmente cristã. Portanto sua base advém da Palavra de Deus. A falha que percebo no desenvolvimento metodológico da AEP é que seu genes parte principalmente de um texto que não trata diretamente sobre educação (Gn 1-2) o que fez com que se desenvolva um o caráter pragmático e limitador de integralização bíblica, desenvolvimento da criança, o processo de aprendizagem, e em de ferramentas disponíveis. Entretanto, a AEP fez propositalmente fez uma boa escolha ao se apresentar como abordagem e não filosofia. Como abordagem ela é eficiente, na opinião de muitos, na fase da retórica, para salientar o caráter vocacional e a aplicação social dos conteúdos estudados.

Terceira

Abordagem da Educação Cristã Clássica

A ECC, assim como a AEP, se propõe a estabelecer e se desenvolver sobre e através de uma filosofia educacional bíblica. Seu introito está no livro de Provérbios e aspira comunicar o caráter trinitário de Deus como base para expressão da verdade, a medida que reconhece a estrutura, a ordem criacional: o trivium e o quadrivium cristão.

Esse direcionamento epistemológico une e define metodologia, currículo e filosofia. O trivium não é, portanto, apenas uma expressão das fases de desenvolvimento do estudante mas pense que esse trivium expressa também: 1. Ferramentas (dados do conhecimento/ relação dos dados e organização do conhecimento/ aplicação do conhecimento); 2. Um processo de aprendizagem (receber/ processar e organizar/ fazer); 3. Princípios de integralização (narrativa/ relação/ vocação; Entre outros… Por isso acredito que a Educação Cristã Clássica é a proposta mais eficaz para o desenvolvimento de uma prática educacional cristocêntrica.

EDUCAÇÃO DOMICILIAR: A “FÓRMULA” PARA O SUCESSO

Se você leu o artigo “O que é Educação Domiciliar?” já deve saber que a Educação Domiciliar é uma educação sob medidaalternativa à escola e usa o mundo como sala de aula. Agora, você pode estar se perguntando, como fazer uma boa Educação Domiciliar? Como saber se estou indo pelo caminho certo? Bom, no artigo de hoje vamos falar de cinco ingredientes essenciais para a “fórmula” de uma boa Educação Domiciliar. É importante ressaltar que estamos falando de uma Educação Domiciliar cristã. Então, vamos lá.

  1. INSTRUI A CRIANÇA NOS CAMINHOS DO SENHOR.

Algumas pessoas acham que uma educação se torna cristã quando apensamos à grade horário um tempo para estudar religião. Mas uma educação verdadeiramente cristã não aponta para Deus apenas como um fator, mas sim como o ponto de partida para todas as coisas. Assim, instruir a criança nos caminhos do Senhor não significa apenas ensinar moralidade ou virtudes, mas mostrar que a cosmovisão cristã tem a ver com todas as ciências. Além disso, uma educação que aponta para Deus deve ser instrutiva e não dedutiva. Como foi dito anteriormente, não há um modelo único nem na prática do Homeschooling nem no chamado Unschooling. A principal diferença entre essas é que o Unschooling se apresenta como uma prática não direcionada, enquanto o Homeschooling, em seus diferentes modelos, ocorre de forma mais controlada. Como cristãos, entendemos que deixar a criança guiar seu próprio processo de ensino-aprendizagem é, na verdade, abandoná-la à sua própria sorte, pois a falta de instrução e direção acabam prejudicando a criança, a qual, sendo pecadora, se deparará com a impossibilidade de desenvolver virtudes ou mesmo compreender o plano da salvação por si mesma (Pv 22:6, Dt 19:20). Deus não nos deixa tatear no escuro, mas Ele mesmo se revela a nós de maneira instrutiva através das Escrituras. Assim, não acreditamos na eficácia de uma educação totalmente autoguiada pela criança, mas acreditamos que o interesse da criança deve ser despertado dentro de um caminho pré-estabelecido. Isso nos leva ao segundo ingrediente.

  1. DESPERTA O INTERESSE E O AMOR PELO CONHECIMENTO.

A ED deve ser um processo prazeroso tanto para pais quanto para seus filhos. Além de apontar para o Criador, os pais devem envolver a afetividade e gerar deslumbramento diante do conhecimento. Isso pode ser feito de diversas formas, mas algo muito significativo são as narrativas. O uso de histórias não só envolve a criança, mas também pode ser usado como fonte para os conteúdos a serem estudados (leia mais sobre isso nos artigos sobre Educação Cristã Clássica). Claro que o envolvimento dos pais também conta. Sendo os pais aqueles que melhor conhecem seu filho e mais o amam, com certeza serão os mais aptos para atraí-lo e despertar seu interesse, gerando uma personalização da educação, que será nosso terceiro ingrediente.

  1. LEVA EM CONTA O RITMO E A INDIVIDUALIDADE DA CRIANÇA.

Além se serem os mais aptos para gerar afetividade em seus filhos, estudando o processo de aprendizagem os pais podem ser mais aptos também para discernir as dificuldades e as potencialidades de cada filho. Assim, muito mais do que alguém cuidando de 25 crianças ao mesmo tempo, eles podem dar muito mais atenção a necessidades específicas. Podem “atrasar” o conteúdo caso necessário, pois não precisam obedecer ao ano letivo escolar. Eles devem estar atentos a oportunidades para ir mais a fundo em um assunto que despertar mais interesse, ou adiantar conteúdos que se tornarem muito fáceis. Na ED a criança não tem que esperar os colegas terminarem para continuar e não corre o risco de ficar desinteressada por estar à frente dos outros. O nível e a profundidade do estudo podem atender suas demandas específicas.

  1. PERMITE O CONTATO COM OUTRAS VISÕES DE MUNDO E NARRATIVAS.

Embora a ED tenha como ponto de partida a visão de mundo dos pais, ela não pode terminar por aí. Eu posso ensinar sobre o Deus da bíblia como único e verdadeiro, mas tenho que ensinar também que há pessoas que discordam dessa visão e que têm outros pontos de vista. Claro que devemos nos atentar para a idade e maturidade da criança para fazê-lo, pois uma criança de 4 ou 5 anos não compreende conceitos tão abstratos. Mas uma criança de 12 anos, por exemplo, já está pronta para se relacionar com pontos de vista opostos ao seu (leia mais sobre isso no artigo sobre a fase da lógica).

  1. QUE FUNCIONA!

A despeito de indicações, planos e metas, o mais importante é ser realista. Os pais podem usar um material já pronto, ou fabricar seu próprio material. Podem estudar uma matéria por mês ou todas concomitantemente. Podem dividir os conteúdos em disciplinas, ou pegar um tema e estuda-lo da perspectiva de várias disciplinas ao mesmo tempo. Podem utilizar as redes e novas tecnologias como fonte de conhecimento, ou podem ir até as bibliotecas, museus, fazer passeios nos locais históricos… as possibilidades são infinitas e muito diversificadas. Mas cada família tem uma dinâmica, rotina e organização diferente. Por isso, fazer um estudo temático sobre um assunto durante meses pode ser maravilhoso para uns, mas entediante para outros. Deixar os horários mais flexíveis pode ser eficiente para uma família, mas outra família pode preferir ser mais disciplinada nos horários. Assim, não tenha medo de testar e descobrir qual é o modelo ou metodologia mais eficaz para a sua!