Se você leu o artigo “O que é Educação Domiciliar?” já deve saber que a Educação Domiciliar é uma educação sob medida, alternativa à escola e usa o mundo como sala de aula. Agora, você pode estar se perguntando, como fazer uma boa Educação Domiciliar? Como saber se estou indo pelo caminho certo? Bom, no artigo de hoje vamos falar de cinco ingredientes essenciais para a “fórmula” de uma boa Educação Domiciliar. É importante ressaltar que estamos falando de uma Educação Domiciliar cristã. Então, vamos lá.
- INSTRUI A CRIANÇA NOS CAMINHOS DO SENHOR.
Algumas pessoas acham que uma educação se torna cristã quando apensamos à grade horário um tempo para estudar religião. Mas uma educação verdadeiramente cristã não aponta para Deus apenas como um fator, mas sim como o ponto de partida para todas as coisas. Assim, instruir a criança nos caminhos do Senhor não significa apenas ensinar moralidade ou virtudes, mas mostrar que a cosmovisão cristã tem a ver com todas as ciências. Além disso, uma educação que aponta para Deus deve ser instrutiva e não dedutiva. Como foi dito anteriormente, não há um modelo único nem na prática do Homeschooling nem no chamado Unschooling. A principal diferença entre essas é que o Unschooling se apresenta como uma prática não direcionada, enquanto o Homeschooling, em seus diferentes modelos, ocorre de forma mais controlada. Como cristãos, entendemos que deixar a criança guiar seu próprio processo de ensino-aprendizagem é, na verdade, abandoná-la à sua própria sorte, pois a falta de instrução e direção acabam prejudicando a criança, a qual, sendo pecadora, se deparará com a impossibilidade de desenvolver virtudes ou mesmo compreender o plano da salvação por si mesma (Pv 22:6, Dt 19:20). Deus não nos deixa tatear no escuro, mas Ele mesmo se revela a nós de maneira instrutiva através das Escrituras. Assim, não acreditamos na eficácia de uma educação totalmente autoguiada pela criança, mas acreditamos que o interesse da criança deve ser despertado dentro de um caminho pré-estabelecido. Isso nos leva ao segundo ingrediente.
- DESPERTA O INTERESSE E O AMOR PELO CONHECIMENTO.
A ED deve ser um processo prazeroso tanto para pais quanto para seus filhos. Além de apontar para o Criador, os pais devem envolver a afetividade e gerar deslumbramento diante do conhecimento. Isso pode ser feito de diversas formas, mas algo muito significativo são as narrativas. O uso de histórias não só envolve a criança, mas também pode ser usado como fonte para os conteúdos a serem estudados (leia mais sobre isso nos artigos sobre Educação Cristã Clássica). Claro que o envolvimento dos pais também conta. Sendo os pais aqueles que melhor conhecem seu filho e mais o amam, com certeza serão os mais aptos para atraí-lo e despertar seu interesse, gerando uma personalização da educação, que será nosso terceiro ingrediente.
- LEVA EM CONTA O RITMO E A INDIVIDUALIDADE DA CRIANÇA.
Além se serem os mais aptos para gerar afetividade em seus filhos, estudando o processo de aprendizagem os pais podem ser mais aptos também para discernir as dificuldades e as potencialidades de cada filho. Assim, muito mais do que alguém cuidando de 25 crianças ao mesmo tempo, eles podem dar muito mais atenção a necessidades específicas. Podem “atrasar” o conteúdo caso necessário, pois não precisam obedecer ao ano letivo escolar. Eles devem estar atentos a oportunidades para ir mais a fundo em um assunto que despertar mais interesse, ou adiantar conteúdos que se tornarem muito fáceis. Na ED a criança não tem que esperar os colegas terminarem para continuar e não corre o risco de ficar desinteressada por estar à frente dos outros. O nível e a profundidade do estudo podem atender suas demandas específicas.
- PERMITE O CONTATO COM OUTRAS VISÕES DE MUNDO E NARRATIVAS.
Embora a ED tenha como ponto de partida a visão de mundo dos pais, ela não pode terminar por aí. Eu posso ensinar sobre o Deus da bíblia como único e verdadeiro, mas tenho que ensinar também que há pessoas que discordam dessa visão e que têm outros pontos de vista. Claro que devemos nos atentar para a idade e maturidade da criança para fazê-lo, pois uma criança de 4 ou 5 anos não compreende conceitos tão abstratos. Mas uma criança de 12 anos, por exemplo, já está pronta para se relacionar com pontos de vista opostos ao seu (leia mais sobre isso no artigo sobre a fase da lógica).
- QUE FUNCIONA!
A despeito de indicações, planos e metas, o mais importante é ser realista. Os pais podem usar um material já pronto, ou fabricar seu próprio material. Podem estudar uma matéria por mês ou todas concomitantemente. Podem dividir os conteúdos em disciplinas, ou pegar um tema e estuda-lo da perspectiva de várias disciplinas ao mesmo tempo. Podem utilizar as redes e novas tecnologias como fonte de conhecimento, ou podem ir até as bibliotecas, museus, fazer passeios nos locais históricos… as possibilidades são infinitas e muito diversificadas. Mas cada família tem uma dinâmica, rotina e organização diferente. Por isso, fazer um estudo temático sobre um assunto durante meses pode ser maravilhoso para uns, mas entediante para outros. Deixar os horários mais flexíveis pode ser eficiente para uma família, mas outra família pode preferir ser mais disciplinada nos horários. Assim, não tenha medo de testar e descobrir qual é o modelo ou metodologia mais eficaz para a sua!